Empresário negou participação em fraudes, evitou responder ao relator e protagonizou bate-boca em sessão marcada por polêmica.
O depoimento mais aguardado da CPI do INSS finalmente aconteceu nesta quinta-feira (25). Antônio Carlos Camilo Antunes, preso pela Polícia Federal e apontado como um dos principais mentores das fraudes contra aposentados e pensionistas, compareceu ao Senado para depor. Mas foi sua primeira frase que chamou a atenção:
“Não sou o careca do INSS.”
O detalhe é que a declaração veio justamente de um empresário calvo, que durante meses foi identificado nas investigações e pela imprensa com o apelido que já virou folclore político: careca do INSS.
Negativa e silêncio
Antunes negou qualquer ligação de suas empresas com os descontos irregulares em aposentadorias e pensões. Segundo ele, sua atuação se restringia à prestação de serviços a associações investigadas, sem ingerência nos descontos realizados.
Apesar disso, quando pressionado pelo relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o empresário preferiu o silêncio. Ele se recusou a responder perguntas, o que gerou embates acalorados entre o advogado de defesa e parlamentares.
“Estamos diante do autor do maior roubo aos aposentados”, disse Gaspar, elevando o tom. A fala gerou reação imediata da defesa e obrigou a presidência da comissão a suspender a sessão por alguns minutos.
Versão do empresário
Durante sua fala inicial, o “careca do INSS” insistiu que é alvo de uma perseguição política e de acusações baseadas em “informações mentirosas”.
“Minha prosperidade é fruto de trabalho honesto. Jamais roubei, jamais ocultei bens no Brasil ou no exterior. As acusações visam me difamar e deturpar a realidade dos fatos”, declarou.
Segundo Antunes, os descontos eram feitos diretamente pelas associações, sem qualquer responsabilidade de sua empresa. Ele também prometeu apresentar documentos para comprovar a prestação de serviços legítimos, como seguros, clubes de benefícios e cursos para associados.
Investigação da PF
A Polícia Federal, no entanto, afirma que empresas ligadas a Antunes funcionavam como intermediárias financeiras das associações investigadas, movimentando recursos milionários. Relatórios da PF apontam que ele teria recebido R$ 53 milhões e repassado valores a pessoas ligadas ao INSS.
Além disso, uma testemunha relatou à PF supostas ameaças de morte atribuídas ao empresário. Por isso, sua prisão preventiva foi decretada pelo ministro do STF André Mendonça.
O careca e a CPI
A oitiva de Antunes era uma das mais aguardadas. Nos corredores de Brasília, parlamentares já tratavam a sessão como “o dia do careca”. A resposta inicial, em que ele tentou desvincular sua identidade do apelido, acabou virando a marca do depoimento.
Nas redes sociais, a frase virou piada instantânea. “Não sou o careca do INSS, diz careca do INSS” foi compartilhada milhares de vezes, reforçando a mistura de drama e comédia que marca parte da política brasileira.
Próximos passos
Apesar da tentativa de se descolar do apelido, a CPI deve insistir na investigação de Antunes. O relator já pediu acesso a novas informações bancárias e fiscais, além da prorrogação da prisão preventiva do empresário.
Enquanto isso, para o público, uma pergunta continua ecoando: se ele não é o careca do INSS, afinal, quem é kkkk?
Fonte: Blog Olhar Digital