Por Eduardo Magregor e Demis Viana: Análise Especial – Geopolítica e Comércio Internacional.
O reencontro diplomático entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Cúpula do Leste Asiático, revelou mais que cordialidade pública: expôs uma assimetria estrutural entre Estados Unidos e Brasil que tende a se acentuar sob a nova doutrina geoeconômica do governo republicano.
Trump, de perfil implacável em negociações, deixou claro a auxiliares que qualquer avanço bilateral dependerá exclusivamente da aderência brasileira aos interesses estratégicos americanos especialmente na contenção econômica da China, na segurança hemisférica e na governança de commodities energéticas e minerais.
O Brasil chega vulnerável à mesa
Sob Lula, o Brasil enfrenta entraves que reduzem seu poder de barganha:
| Variável estratégica | Situação atual do Brasil | Impacto nas negociações |
|---|---|---|
| Crescimento econômico | Baixo e instável | Menor poder de troca |
| Políticas industriais | Dependência tecnológica externa | Pressão por acordos assimétricos |
| Alinhamento diplomático | Proximidade com China e Irã | Redução de confiança dos EUA |
| Força militar | Baixa capacidade de projeção | Pouca influência geopolítica |
Para especialistas em comércio internacional, a margem de negociação brasileira é mínima diante do tarifário norte-americano proposto por Trump — sobretudo sobre aço, etanol e agricultura.
A lógica de Trump: “Resultados ou nada”
Trump não trabalha com neutralidades:
não deseja diálogos simbólicos, mas compromissos concretos.
Segundo analistas próximos ao governo norte-americano, a sinalização é objetiva:
• O Brasil só avança se aceitar os termos americanos
• Quem define as prioridades são os EUA
• Recusas geram tarifaço e restrições comerciais
Ou seja: Washington oferece acesso ao mercado e proteção hemisférica; em troca, espera adesão política e econômica particularmente no processo de reduzir a influência chinesa no Atlântico Sul e em minérios estratégicos como nióbio, terras raras e lítio.
Lula tenta equilibrar mas o pêndulo pesa ao norte
O discurso brasileiro de “relação produtiva para os dois países” esbarra em realidades objetivas:
• EUA = principal poder militar e financeiro global
• Brasil = fornecedor de commodities com baixa indústria de alto valor
Se insistir em priorizar alianças antiocidentais, o Planalto corre risco de isolamento e retaliações comerciais que impactariam diretamente exportações agrícolas e a indústria energética nacional.
Por isso, diplomatas admitem reservadamente que Lula terá de ceder, mesmo que mantendo o discurso de autonomia.
A reunião foi cordial. Mas o recado de Trump foi duro.
O Brasil poderá manter relações positivas com os EUA apenas se alinhações estratégicas forem formalizadas e o tempo político para Lula decidir é curto.
Trump já deixou claro:
na mesa de negociação, quem dita os parâmetros são os Estados Unidos.
Fonte: Blog Olhar Digital/Demis Viana.









