Esporte, um caminho saudável para promover mudanças

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Desempenho de adolescentes do Sistema Educativo em torneio de futsal chama a atenção de olheiros do Capital FC.

“Todos nós falhamos, mas o esporte é uma ferramenta tão incrível, que pode proporcionar a um adolescente em cumprimento de medida socioeducativa dar a volta por cima e mudar de vida” – Marco Aurélio, treinador do Capital FC

A última semana de férias escolares foi marcada pela final do 3º Torneio de Futebol de Salão do Sistema Socioeducativo, promovido pela Subsecretaria do Sistema Socioeducativo (Subsis) da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). Em uma partida acirrada, a Unidade de Internação de Planaltina (UIP) venceu a Unidade de Internação de Brazlândia (Uibra) por 7 x 6. “O campeonato de futsal é uma forma de promover mais interação social neste período de férias”, ressaltou a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani. “Além disso, o esporte é uma importante ferramenta na socioeducação”.

A final do torneio foi marcada por muita emoção e esperança, com a presença de olheiros do Capital Clube de Futebol que se interessaram por seis atletas participantes da disputa. Os adolescentes escolhidos serão agora encaminhados a uma equipe técnica que vai avaliar a possibilidade de autorização judicial de saídas para os treinos. Após análise da Vara de Execução de Medida Socioeducativa (Vemse), se aprovados, os jogadores seguirão para uma bateria de avaliações no Capital Futebol Clube.

Segundo o treinador da base do Capital FC, Marco Aurélio, essa é uma janela que se abre para os jovens. “Todos nós falhamos, mas o esporte é uma ferramenta tão incrível, que pode proporcionar a um adolescente em cumprimento de medida socioeducativa dar a volta por cima e mudar de vida”, afirmou.

“Sem dúvida, esse foi um dia especial para esses adolescentes, que se empenharam ainda mais diante da oportunidade de conseguir chamar a atenção dos olheiros do vice-líder do Candangão 2022”, avaliou a diretora da Uibra, Cláudia Bicalho.

Preparação

Educadores físicos e professores ajudaram no preparo dos jovens e adolescentes. Além dos treinos e dinâmicas, houve rodas de bate-papo para promover a conscientização do trabalho em grupo, regras de convivência e respeito. A partida da final contou com a torcida de agentes socioeducativos, professores, educadores físicos e integrantes da coordenação das unidades.

O árbitro voluntário Pedro de Castro gostou da experiência. “É a primeira vez que estou como voluntário, e acabei me surpreendendo positivamente com esses meninos, que são extremamente educados”, comentou. “O jogo é muito rápido, e eles são muito bons de futebol”.

Especialista em educação física e treinadora do time da UIP, Bárbara Moura lembrou que o campeonato é mais que um jogo. “O mais legal do torneio é poder levar o adolescente para outro espaço, saindo daquele ambiente em que ele passa 24 horas, além de proporcionar aquele friozinho na barriga da competição, com a perspectiva de que ele possa encontrar um novo caminho, com bons frutos”, resumiu.

O adolescente J. disse concordar com a professora: “Acho importante para tirar a rapaziada dos alojamentos. Sei que o futebol faz mudar os pensamentos. Hoje estou vendo a oportunidade com esses olheiros aqui na unidade”.

Sistema Socioeducativo

Conforme estabelecido no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), cabe às unidades socioeducativas ofertar aos adolescentes e jovens atividades de cultura, esporte e lazer, bem como acesso à saúde, escolarização e profissionalização. Para isso, as unidades socioeducativas de internação empreendem ações de incentivo e promoção à cultura, em de parceria com diversas instituições da sociedade civil e públicas.

O Distrito Federal é referência nacional no sistema socioeducativo. Segundo levantamento realizado em 2021 pela Coordenação de Internação da Subsis com adolescentes e jovens que cumpriram a medida socioeducativa de internação, somente 10% possuíam uma situação judicial de nova medida socioeducativa ou inserção no sistema prisional. Isso significa a eficácia da medida para aproximadamente 90% dos casos no DF.

Atualmente, a Subsis possui 30 unidades no Distrito Federal, sendo 15 de meio aberto, seis de semiliberdade e nove de internação (estrita, provisória e atendimento inicial).

*Com informações da Secretaria de Justiça e Cidadania

Fonte : Agência Brasília.