Duas ativistas do grupo ambiental Futuro Vegetal foram presas em Madrid, na Espanha, após lançarem tinta vermelha sobre o quadro Primeiro Tributo a Cristóvão Colombo (1892), do pintor José Garnelo, exposto no Museu Naval da capital espanhola. A ação ocorreu no domingo (12), justamente no Dia de Colombo, data comemorativa que celebra a chegada do navegador europeu à América, em 1492.
De acordo com informações publicadas pelo jornal El País, as manifestantes exibiram uma faixa com a frase “12 de outubro, nada para comemorar. Justiça ecossocial”, protestando contra o legado colonialista e as consequências ambientais deixadas ao longo da história pela exploração europeia.
O ato e a repercussão
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que as ativistas atiram a tinta no quadro, tingindo de vermelho a figura do navegador. O gesto, segundo o grupo, simboliza o “sangue derramado na colonização” e busca chamar atenção para o impacto das mudanças climáticas e da destruição ambiental causada por sistemas econômicos baseados em exploração.
A polícia espanhola prendeu as duas mulheres ainda dentro do museu. O quadro, embora protegido por vidro, foi imediatamente retirado da exposição para avaliação e restauração preventiva.
O protesto e seu significado
O grupo Futuro Vegetal, conhecido por ações de desobediência civil e protestos artísticos, vem intensificando manifestações em locais simbólicos da cultura europeia. O objetivo é alertar sobre o colapso ambiental e cobrar dos governos políticas urgentes de transição ecológica.
No comunicado divulgado nas redes sociais, o coletivo afirmou:
“Enquanto se celebra o colonialismo, o planeta continua sangrando. Não há nada a comemorar em um sistema que destrói vidas humanas e ecossistemas.”
Dia de Colombo e controvérsias
O Dia de Colombo, celebrado em 12 de outubro, é tradicionalmente uma data patriótica na Espanha, mas também alvo de fortes críticas por representar o início do processo de colonização europeia nas Américas, que resultou em genocídios e escravidão de povos originários.
Nos últimos anos, movimentos sociais, indígenas e ambientais têm reivindicado a mudança de nome e de significado da data, propondo que o dia seja dedicado à diversidade cultural e à resistência dos povos colonizados.
Repercussão nas redes e no mundo artístico
A ação dividiu opiniões. Enquanto alguns usuários nas redes elogiaram a coragem e a criatividade das ativistas, outros condenaram o ataque ao patrimônio artístico como forma de protesto. Especialistas em arte ressaltaram que, embora o ato não tenha danificado a pintura original, episódios como esse levantam o debate sobre os limites do ativismo e a preservação do patrimônio cultural.
Entenda o contexto global
Nos últimos anos, o ativismo ambiental tem ganhado força em museus e espaços culturais, com ações semelhantes em obras de artistas como Van Gogh, Monet e Goya. Esses protestos, que unem arte e política, têm se tornado uma estratégia simbólica de resistência diante da inércia política frente à crise climática mundial.