Blindagem no Congresso: Esquerda e direita se unem para proteger Frei Chico, irmão de Lula, em escândalo do INSS

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O que deveria ser um momento de transparência e apuração no Congresso Nacional transformou-se em mais um episódio de acordos de bastidores. José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e figura influente como vice-presidente do Sindinapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), conseguiu escapar de prestar depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga desvios bilionários no INSS.

Segundo apurações, a blindagem foi resultado de um acordo costurado entre governistas e oposição, revelando que, quando o assunto é evitar desgaste político, a rivalidade entre esquerda e direita dá lugar a interesses comuns.

O “jogo de compadres”

Nos bastidores, a troca foi clara: para que Frei Chico não fosse convocado, a oposição conseguiu impedir que Paulo Guedes, ex-ministro da Economia de Jair Bolsonaro, fosse chamado a depor. Na prática, o que se viu foi um pacto de conveniência que poupou ambos os lados de constrangimentos.

A decisão foi oficializada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), em comum acordo com o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Também ficaram de fora nomes de peso como Henrique Meirelles e Eduardo Guardia, que ocuparam cargos centrais na gestão da Previdência em diferentes governos.

Um rombo bilionário e silêncio no plenário

O Sindinapi, entidade da qual Frei Chico é vice-presidente, figura entre as onze instituições acusadas de desviar mais de R$ 6 bilhões dos cofres destinados a aposentados e pensionistas. Apesar da gravidade, a CPMI parece caminhar para um esvaziamento proposital, poupando figuras-chave e evitando que as investigações atinjam o coração do problema.

Impacto político e eleitoral

Nos corredores do Congresso, a avaliação é que o maior temor do presidente Lula não era apenas o desgaste institucional, mas o impacto direto em sua tentativa de reeleição no próximo ano. Ter um irmão envolvido em escândalo de corrupção no INSS seria combustível para a oposição, que, paradoxalmente, acabou participando do acordo que garantiu a blindagem.

A CPMI esvaziada

Com as manobras recentes, a comissão, que nasceu como promessa de transparência, já é vista por analistas como um palco de encenação política. O discurso de apuração e justiça deu lugar a um teatro de conveniências, onde os interesses de partidos e lideranças se sobrepõem à dor de milhões de aposentados lesados.

O recado ao país

O episódio expõe, de forma nua e crua, a lógica que rege boa parte da política brasileira: quando os riscos atingem tanto governo quanto oposição, o silêncio é a moeda mais valiosa. O caso Frei Chico é mais um retrato de como a blindagem mútua entre adversários alimenta a descrença popular nas instituições e reforça a percepção de que, em Brasília, ninguém quer apurar nada de verdade.

Fonte: Blog Olhar Digital