O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, determinou o bloqueio de R$ 237,3 milhões em bens do advogado Cristiano Zanin e de seu escritório com o também advogado Roberto Teixeira.
Ambos defendem o ex-presidente Lula em diversos processos na Justiça. A decisão foi tomada por Bretas no dia 1º de setembro no âmbito da Operação Esquema S fluminense, que mira um esquema de tráfico de influência que envolve alguns dos principais escritórios de advocacia do país.
O processo teve o sigilo levantado na Justiça Federal do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (18). O Ministério Público Federal investiga advogados suspeitos de desviarem R$ 151 milhões da Fecomércio do Rio – a apuração partiu da colaboração premiada de Orlando Diniz, ex-presidente da entidade.
De acordo com as investigações, os valores foram desviados a partir de instituições que integram o Sistema S (Sesi, Senac, Sesc) entre 2012 e 2018 para pagar serviços de advocacia não prestados, como forma de mascarar a influência de Diniz no Tribunal de Contas da União e no Superior Tribunal de Justiça. No total, Bretas tornou 26 advogados réus – entre eles Cristiano Zanin.
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Como funcionava o suposto esquema de desvios do Sistema S do Rio
Bretas autorizou 51 mandados de busca e apreensão na ação, que colocou a Polícia Federal na porta de escritórios em seis estados, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Alagoas, Ceará e Pernambuco. Entre os alvos além do advogado de Lula, Cristiano Zanin, e do ex-defensor da família Bolsonaro, Frederick Wassef, está, por exemplo, a defesa que atua no processo de impeachment do governador afastado do Rio de Janeiro Wilson Witzel.
A operação abriu uma guerra entre advogados e Bretas. A CNN mostrou nesta semana que o STF ordenou que o magistrado carioca preste informações sobre a investigação, enquanto a Ordem dos Advogados do Brasil pediu a anulação da ação.
Na decisão do bloqueio de bens, tomada no dia 1º de setembro, Bretas aponta que o escritório de Zanin é o “precursor” no recebimento de “honorários advocatícios exorbitantes pagos pela Fecomércio/RJ em prol de interesses particulares de ORLANDO DINIZ”. O magistrado afirma, ainda, que a prática teria sido “ replicada pelos demais escritórios ora investigados, formando um verdadeiro grupo criminoso voltado supostamente para o cometimento dos delitos de peculato, corrupção ativa, tráfico de influência e exploração de prestígio, tudo sob o manto do exercício da advocacia”.
Nas redes sociais, Zanin escreveu que é “fake a notícia de que foi apreendido o valor de R$ 237 milhões em suas contas”.
“Para além do abuso de autoridade e do lawfare, trabalham com a mentira e a desinformação, mesmo contra alguém que sempre atuou na iniciativa privada”. Ao site do PT, partido do ex-presidente Lula, Zanin afirmou: “Querem inviabilizar minha atividade profissional, particularmente na defesa do ex-presidente Lula, que está em um momento decisivo”.
A defesa de Adriana Ancelmo disse que essa é “mais uma decisão ilegal, arbitrária e abusiva proferida pelo juízo da sétima vara federal criminal, que será reformada pelos tribunais superiores”. A defesa de Orlando Diniz disse que vai continuar se manifestando apenas nos autos do processo. Não conseguimos contato com a defesa de Sérgio Cabral.
Por Leandro Resende, CNN Brasil.