Rede já conta com 34 unidades nas sete regiões de saúde; somente neste ano, mais cinco já foram implementadas.
Em parceria com a Fiocruz, a Secretaria de Saúde (SES-DF) deu início ao curso de aperfeiçoamento em Hortos Agroflorestais Medicinais Biodinâmicos (Hamb). Ministrada na última semana pelo médico sanitarista Emerson Merhy — um dos protagonistas do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira, que deu origem ao Sistema Único de Saúde (SUS) —, a aula magna teve como tema “Ousar conduzir o próprio viver: para o desejo não há obstáculo”.
“Os hortos são uma busca por alternativas de tratamento que possam dar ao ser humano a sua dignidade”
Robinson Parpinelli, subsecretário de Assistência à Saúde
Durante sua explanação, Merhy falou da importância de ampliar o olhar sobre o cuidado em saúde: “Estamos muito prisioneiros a certas tecnologias de cuidado, e as geradas em outros lugares, como a agroecologia, acabam mostrando efeitos absolutamente mais produtivos. É encantador ver as pessoas nos hortos dizendo quanta vida é produzida”.
Também presente à aula magna, o subsecretário de Atenção Integral à Saúde da SES-DF, Robinson Parpinelli, ressaltou os benefícios dos hortos: “A medicina pode ter várias vertentes e apostar em todas essas é uma obrigação institucional. Os hortos são uma busca por alternativas de tratamento que dão dignidade ao ser humano. São importantes não só como política pública, mas como ação social no envolvimento das pessoas no próprio autocuidado”.
Políticas públicas
O farmacêutico Felipe Tironi, da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 do Lago Norte, participou da aula e reforçou o impacto da iniciativa em sua prática profissional. “É transformador e motivador, é uma ressignificação do meu propósito de trabalho”, relatou. “É uma chance de poder mudar não só a minha vida, mas contribuir para uma mudança da vida dos outros e do ambiente”.
Na avaliação do gerente de Práticas Integrativas em Saúde da SES-DF, Marcos Trajano, o curso fortalece as políticas públicas e prepara a rede para desafios futuros. “A crise climática requer que os nossos trabalhadores possam assumir uma posição de horizontalidade junto aos usuários que são cuidados por nós e junto aos gestores, em busca de soluções nos nossos territórios”, apontou. “Para isso, essa parceria interinstitucional é fundamental para os desafios atuais”.
A diretora-executiva da Escola Fiocruz de Governo, Luciana Sepúlveda, destacou que a formação contribui para manter os hortos ativos e atuantes no DF: “Desde a construção do horto, ele significa uma aposta em um modelo de saúde aberto à interface com outros setores, com o meio ambiente e a agroecologia. Ele materializa essa construção, mas precisa ter pessoas em torno dele que o coloquem em prática. Por isso, a importância dessa formação continuada”.
Regulamentação
Regulamentada este ano no âmbito da SES-DF, a Rede de Hortos Agroflorestais Medicinais Biodinâmicos (Rhamb) tem como objetivo desenvolver competências para implementação e uso dos hortos agroflorestais como tecnologias sociais de cuidado e promoção da saúde.
Atualmente, a Rhamb conta com 34 unidades nas sete regiões de saúde, sendo 26 na SES-DF, cinco em outros serviços públicos e mais três em apoio a iniciativas comunitárias. Somente em 2025, já foram implantados cinco novos hortos, com previsão de superar a marca de 45 até o fim do ano. Os cursos de aperfeiçoamento, promovidos anualmente desde 2023, capacitam cerca de 50 servidores a cada nova edição.
*Com informações da Secretaria de Saúde