A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) viveu nesta quinta-feira (9/10) momentos de tensão e expectativa. O deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), relator do colegiado, anunciou que pedirá a prisão preventiva de Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como “Milton Cavalo”, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi).
Milton Cavalo esteve presente na sessão, mas permaneceu quase em silêncio, amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino. A oitiva era aguardada com atenção, pois o sindicato em questão está ligado a Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que adiciona forte repercussão política ao caso.
“Faço questão de dizer que vou pedir a prisão preventiva de Milton Cavalo e de muitos outros integrantes do Sindnapi. Chega de proteção e impunidade”, declarou Gaspar ao final da sessão.
Investigação e contexto
O caso remonta ao que ficou conhecido como a “farra do INSS”, revelada pelo Metrópoles em série de reportagens desde dezembro de 2023. As matérias apontaram que entidades sindicais, incluindo o Sindnapi, teriam obtido arrecadações de R$ 2 bilhões em um ano por meio de descontos associativos questionáveis sobre aposentados, ao mesmo tempo em que enfrentavam milhares de processos por fraude em filiações de segurados.
As denúncias motivaram a abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e investigações pela Controladoria-Geral da União (CGU), culminando na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025, que resultou nas demissões do então presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Depoimento tenso
Durante sua breve participação na CPMI, Milton Cavalo respondeu apenas a questionamentos pontuais do líder do governo na comissão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), sobre a função de Frei Chico na entidade. O sindicalista afirmou:
“Ele nunca teve papel administrativo no sindicato, apenas político… de representação sindical. Nada mais que isso.”
Apesar da tentativa de esclarecer, o silêncio prolongado e a recente fase da operação contra ele irritaram membros da CPMI, reforçando o clima de tensão.
Próximos passos
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), indicou que o próximo depoimento será o de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS destituído durante as investigações. O comparecimento é obrigatório e, caso Stefanutto não compareça, será solicitada sua condução coercitiva.
Enquanto isso, o requerimento para ouvir Frei Chico ainda será pautado, mas não há indicações de que ele esteja entre os pedidos de prisão preventiva. O caso segue sob intensa atenção política e midiática, reforçando debates sobre transparência e fiscalização em órgãos públicos.
Fonte: Blog Olhar Digital