Crise no Planalto: fala de Janja na China segue gerando tensão entre ministros e mantém Lula irritado

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A crise gerada por uma declaração da primeira-dama Janja da Silva durante a visita oficial à China continua repercutindo nos bastidores do Palácio do Planalto, ampliando a tensão entre ministros e mantendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em alerta com os vazamentos internos.

A situação se agravou após novas informações indicarem que Janja teria insistido em cobrar explicações sobre o funcionamento e os riscos do TikTok diretamente ao presidente Xi Jinping durante um jantar oficial em Pequim gesto considerado diplomática e protocolarmente inadequado. Segundo fontes do governo, as cobranças teriam continuado no voo de retorno ao Brasil, gerando desconforto entre os integrantes da comitiva.

O episódio, vazado à imprensa brasileira e inicialmente revelado pela colunista Mônica Bergamo, expôs uma disputa interna cada vez mais evidente. Lula ficou profundamente irritado com a divulgação do incidente e, segundo apuração recente, intensificou a apuração informal sobre a origem do vazamento. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, continua sendo apontado como o principal suspeito entre os auxiliares do presidente.

A tensão entre os ministros atingiu novo patamar neste final de semana. O clima, antes descrito como “frio e formal”, agora é de desconfiança aberta, com relatos de que até integrantes próximos de Lula cogitaram entregar os cargos diante da insegurança gerada pelas investigações informais.

Lula, em encontro reservado com ministros, voltou a demonstrar irritação com o episódio e com a insistência da imprensa no tema. Reforçou que sua esposa “não cometeu nenhuma falha grave” e que a polêmica é alimentada por interesses internos e externos. Em tom duro, afirmou: “Quem tiver algo contra, que fale abertamente ou peça para sair do governo”.

A orientação da Secretaria de Comunicação (Secom), comandada por Sidônio Palmeira, permanece a mesma: silêncio absoluto. A pasta tem atuado para conter danos e evitar que novos trechos da conversa cheguem à imprensa. Rui Costa, até agora, não se manifestou oficialmente. Pessoas próximas ao ministro relatam que ele se sente alvo de uma “armadilha política” e estaria ponderando seu futuro no governo.

Outros ministros que estiveram no jantar, como Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Camilo Santana (Educação), passaram a ser questionados por interlocutores e também demonstraram desconforto. A situação contribui para aumentar a percepção de um racha interno entre os núcleos político e técnico da gestão petista.

Aliados do Planalto admitem que a crise ofuscou os resultados da viagem à China, que incluía acordos estratégicos nas áreas de energia, tecnologia e comércio bilateral. Em vez de manchetes sobre avanços diplomáticos, o governo enfrenta uma nova batalha  agora, dentro do próprio núcleo de confiança do presidente.

Fonte: Blog Olhar Digital