Destaques nas últimas partidas são fruto de um trabalho integrado no futebol do clube, com departamento específico para ajudar na adaptação dos meninos à equipe profissional.
Quem viu Natan, Otávio, Noga, Guilherme Bala e outros meninos da base do Flamengo entrarem na equipe principal e darem conta do recado pode ter se surpreendido com a forma como os meninos se adaptaram rápido às exigências do futebol profissional. Mas, internamente, o clube tinha plena confiança nos garotos, graças a um trabalho de integração desenvolvido desde o ano passado.
Em junho de 2019, Carlos Noval aceitou o convite para ser o gerente de transição do Flamengo. Um novo departamento foi criado com o intuito específico de cuidar desta passagem dos meninos e ser o elo entre a base e o profissional. Ex-diretor de futebol e com muitos anos de trabalho também na base, coube a Noval organizar o processo.
Pouco mais de um ano depois, os primeiros frutos são colhidos. Com 16 desfalques no elenco profissional devido a um surto de Covid-19, a comissão técnica buscou reforços na base: 11 jogadores, no total, foram integrados para os jogos contra Palmeiras e Independiente del Valle. Além deles, o lateral-esquerdo Ramon, o lateral-direito Matheuzinho e o volante Gomes já haviam sido acionados anteriormente.
O processo é contínuo: com frequência, membros da base, do futebol profissional, do scout e da transição se reúnem para avaliar os jovens da base. Com análise constante, medem o progresso dos jovens e detectam aqueles que podem suprir necessidades imediatas.
Os jovens da base que subiram recentemente
Jogador | Posição | Idade |
João Fernando | goleiro | 19 anos |
Matheuzinho | lateral-direito | 20 anos |
Gabriel Noga | zagueiro | 18 anos |
Natan | zagueiro | 19 anos |
Otávio | zagueiro | 18 anos |
Milani | zagueiro | 19 anos |
Ramon | lateral-esquerdo | 19 anos |
Ítalo | lateral-esquerdo | 19 anos |
Richard Rios | volante | 20 anos |
Gomes | volante | 19 anos |
Yuri de Oliveira | meia | 19 anos |
Lázaro | atacante | 18 anos |
Guilherme Bala | atacante | 19 anos |
Rodrigo Muniz | atacante | 19 anos |
O caso de Natan
Há uma espécie de linha de sucessão em todas as posições. O caso de Natan é emblemático. No início do ano, o zagueiro Rafael Santos, canhoto, foi emprestado ao Apoel, do Chipre, por dois anos. A negociação aconteceu muito por causa da confiança dos setores de que Natan estava preparado para dar um passo à frente e se tornar uma espécie de quinto zagueiro do elenco profissional.
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Natan seguiu no sub-20, onde era capitão, intensificou sua preparação, mas também passou por períodos de treinos com a equipe de cima. Aos poucos, foi se ambientando ao elenco. Quando todos os zagueiros profissionais ficaram fora de combate por Covid-19, não houve dúvida: era a hora de o jovem de 19 anos ter sua chance – e ele deu conta do recado.
O departamento de futebol recebe relatórios detalhados, com as características dos jogadores, não só em campo, mas também em termos de personalidade. Nas avaliações, os atletas recebem notas em diversas valências, em todos os jogos que disputam. É uma forma de medir o desempenho dos atletas e criar uma base de dados sobre eles.
Modelo de jogo replicado
Outro fator importante na transição dos meninos diz respeito ao modelo de jogo. A ideia é passar aos treinadores do sub-20 e do sub-17, especialmente, a forma como o profissional atua, para que eles tentem se aproximar ao máximo disso.
No início do ano, por exemplo, foi possível perceber que a equipe alternativa do Flamengo que disputou o começo do Campeonato Carioca, sob o comando de Mauricio de Souza, jogava com uma proposta parecida à do time de Jorge Jesus.
O objetivo é deixar os jogadores próximos do que acontece no profissional, acostumados com o tipo de treinamentos e também com suficiente entendimento tático. Outro ponto é tentar prepará-los para situações adversas: Natan, por exemplo, mesmo canhoto, precisou jogar pela direita contra o Palmeiras e se saiu bem. Este é um trabalho que vem sendo desenvolvido na base com os demais atletas.
Quem já subiu e está com o elenco profissional também passa por um monitoramento. Hugo Souza chegou como quarto goleiro, mas sempre foi visto e preparado para subir degraus na hierarquia. Sua tranquilidade sempre foi uma característica destacada, assim como o lateral Ramon chamou a atenção pela parte física.
Ambos ainda precisam trabalhar em outros aspectos para que possam atingir seu potencial, mas agradaram nas chances que tiveram e começam a conquistar mais espaço no plantel.
Com o retorno dos jogadores do elenco profissional, ainda não há uma definição quanto ao aproveitamento dos meninos que subiram. A prioridade, porém, é que continuem jogando: seja no sub-20, que encara um calendário congestionado com jogos do Brasileiro e do Carioca, seja mais consolidados no profissional.
Na quinta-feira, oito deles reforçaram o sub-20 na partida contra o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro da categoria: João Fernando (goleiro), Ítalo (lateral), Otávio (zagueiro), Richard (volante), Yuri (meia), Guilherme Bala, Lázaro e Rodrigo Muniz (atacantes).
Em meio a esta transição, a única certeza é que o Flamengo pode olhar para a base e saber que terá opções sempre que precisar.
Fonte: GE/Flamengo.