De longe, parecia mais uma expedição de paz dessas que rendem manchetes emotivas, discursos inflamados e boas fotos nas redes sociais. Mas bastou a maré virar para que a chamada flotilha humanitária rumo a Gaza mostrasse que nem tudo que se diz solidário é, de fato, transparente.
O grupo, formado por ativistas e parlamentares incluindo brasileiros, partiu sob o pretexto de levar ajuda ao povo palestino. Mas, nas imagens captadas pelas próprias autoridades israelenses, algo chamou atenção: celulares sendo jogados ao mar antes da abordagem militar.
O medo das provas
A pergunta que ecoa agora é simples: por que tanto medo de deixar o conteúdo dos aparelhos ser vistoriado?
Celulares registram rotas, contatos, mensagens e vídeos e se foram arremessados ao oceano, é porque guardavam mais do que selfies humanitárias. Especialistas em segurança internacional lembram que o Hamas tem histórico de infiltrar material bélico e informações sob o disfarce de “ajuda civil”. Coincidência ou cumplicidade?
Enquanto isso, os mesmos “defensores da paz” que costumam discursar contra a “falta de transparência” de governos agora se escondem atrás de desculpas e notas diplomáticas.
Valentões de microfone, vítimas de algema
No porto e nas redes sociais, são valentes: erguem bandeiras, gritam contra Israel e posam como heróis de uma revolução moral. Mas bastou a detenção e algumas horas sem conforto para a bravura evaporar.
De repórteres a parlamentares, o que se viu foi um festival de lágrimas, telefonemas ao Itamaraty e pedidos por “respeito internacional aos direitos humanos”.
Afinal, é fácil ser revolucionário quando o perigo está a um oceano de distância. Difícil é manter o mesmo tom quando o navio para e as algemas aparecem.
Greta e os percevejos
Entre as presas ilustres estava também Greta Thunberg, a ativista sueca que relatou, em tom dramático, ter sido colocada “em uma cela infestada de percevejos”.
O relato rodou o mundo e comoveu parte da militância global, mas, convenhamos — ninguém morre de percevejo, ainda mais quando se está em uma detenção temporária e com holofotes garantidos.
Enquanto milhões de refugiados dormem entre ruínas e poeira, a elite ativista internacional se choca com a ideia de dividir espaço com um inseto.
“Humanitarismo” seletivo
Não se discute a importância da ajuda humanitária verdadeira. Mas há uma diferença brutal entre solidariedade e espetáculo político.
A flotilha, composta em boa parte por grupos ideologicamente alinhados a causas radicais, virou palco de uma encenação onde a dor do povo palestino é usada como pano de fundo para autopromoção.
O problema é que, no meio das bandeiras e discursos, surgem sombras. O que havia nos celulares lançados ao mar?
Por que os mesmos que pregam transparência agem como quem tem algo a esconder?
E, sobretudo, por que o Hamas, um grupo classificado como terrorista por dezenas de países, é tratado como “resistência legítima” por certos passageiros da flotilha?
Do heroísmo de palco ao vexame diplomático
Agora, com a detenção e as imagens circulando, o Itamaraty tenta apagar o incêndio diplomático, enquanto parte da imprensa pinta os detidos como mártires globais.
Mas a verdade é que o episódio expôs a fragilidade moral de uma militância que fala grosso nos palanques, mas chora fino quando o mundo real cobra coerência.
Talvez o mar tenha engolido mais do que celulares talvez tenha levado junto a credibilidade de quem se acostumou a posar de herói sem causa limpa.