Em um momento de intensa pressão diplomática e repercussão internacional sobre as sanções impostas pelos Estados Unidos a autoridades brasileiras, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, recebeu nesta quarta-feira (26/11) o encarregado de negócios e embaixador interino norte-americano, Gabriel Escobar, em Brasília.
O encontro, confirmado pelo Banco Central, ocorreu em meio aos desdobramentos da Lei Magnitsky, que recentemente foi aplicada pelo governo Donald Trump contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e sua esposa, Viviane Barci. A sanção resultou, inclusive, no bloqueio de cartões internacionais do magistrado.
Segundo nota do BC, a reunião teve como objetivo tratar de “assuntos institucionais”, sem detalhamento público. Participaram ainda, pela embaixada dos EUA, o assessor econômico Norman Galimba e o representante do Tesouro norte-americano Adam Goldsmith. Pelo Banco Central, além de Galípolo, estiveram presentes o diretor de Regulação, Gilneu Vivan, e a diretora de Cidadania, Izabela Moreira Correa.
Sanções Magnitsky: impacto político e institucional
A aplicação da Lei Magnitsky Global, tradicionalmente utilizada pelos Estados Unidos para punir agentes acusados de violar direitos humanos, reprimir denúncias de corrupção ou interferir em processos democráticos, abriu um novo capítulo na relação política entre Brasília e Washington.
A decisão de Donald Trump que retornou à presidência neste ano de sancionar Alexandre de Moraes ocorreu após uma sequência de atritos envolvendo decisões do STF e a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro em julgamento recente na Suprema Corte brasileira.
No caso brasileiro, a aplicação da lei reacendeu discussões sobre interferência internacional e trouxe nova atenção ao papel do Banco Central, que regula as instituições financeiras responsáveis pela emissão e processamento de cartões de crédito no país ponto sensível após o bloqueio dos cartões do ministro.
Leitura diplomática: aproximação ou pressão?
Embora classificada oficialmente como uma reunião “institucional”, analistas políticos interpretam o encontro como parte da interlocução direta entre os dois países em meio ao clima de tensão diplomática. A presença de técnicos do Tesouro dos EUA reforça o simbolismo do diálogo.
A visita também ocorre dias após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defender maior cooperação com os Estados Unidos no combate ao crime organizado, sinalizando que a agenda bilateral segue ativa mesmo diante de divergências.
Cenário em movimento
As sanções ainda provocam repercussões internas no Brasil, especialmente entre autoridades do Judiciário e do Executivo. A avaliação é de que novos desdobramentos podem ocorrer, tanto na esfera diplomática quanto no sistema financeiro, caso outras autoridades entrem no radar norte-americano.
A reportagem segue acompanhando o caso.
Fonte: Blog Olhar Digital.




