Começamos 2020 com planos e expectativas, como todos os anos, mas não sabíamos o que estaria por vir. Encontramos uma pandemia que mudou nossas vidas, desde a forma de realizar tarefas cotidianas até a nossa forma de trabalhar.
Tivemos que nos adaptar para proteger nossa saúde e a dos demais, recebemos notícias tristes, muitas famílias se depararam com o luto repentino, vimos o colapso mundial o qual jamais esperamos um dia.
Dentre as perdas, o caos na saúde e o isolamento social, descobrimos que o ser humano tem uma grande capacidade de aprender, mesmo que no modo mais sofrido e inusitado. Em meio a tudo que o mundo teve que enfrentar, percebemos que o professor, historicamente um elemento fundamental para a humanidade, teve mais uma vez, que se adaptar.
De Platão à Saviani, foi nos ensinado que a atuação docente estava extremamente ligada a interação e mediação de forma presencial e dialogada, nossas salas de aula sendo o espaço de aprendizagem e locus profissional majoritariamente. Tivemos que aprender mais sobre possibilidades de ensinar de forma remota em toda a Educação Básica.
E o ano de 2020 reinventou a forma de ensinar, de aprender, de intervir, avaliar… Tarefa árdua, daquelas que tira noites de sono pois, a responsabilidade de manter a qualidade do ensino e atingir nossos alunos, é aquelas “voz” que não sai das nossas cabeças até que façamos dar certo!
Os alunos que contavam com a nossa presença e parceria no processo de ensino-aprendizagem, se viram em suas residências, sentindo nossa falta e a dos colegas, da socialização e de tudo que o ambiente escolar costuma proporcionar. As famílias foram “convocadas” diante da necessidade a estar ao lado dos estudantes e dos conteúdos trabalhados. Nós, professores, enfrentamos o desafio proporcionando nosso melhor diante das adversidades.
Em meio a todo este contexto, os professores em regime de contratação temporária da Secretária de Educação do Distrito Federal, tiveram outro desafio: garantir seu trabalho. Foram meses de incertezas e luta, desde o Projeto de Lei, proposto na CLDF, à publicação no DODF e SEDF, batalhas foram travadas diariamente, onde felizmente obteve-se êxito e milhares de professores puderam então, encontrar alívio em meio a tudo que passaram durante o ano letivo.
Se o ano de 2020 tivesse um título, poderíamos chama-lo de “Ano de Aprender”, com ele aprendemos a dar valor em pequenos gestos, dar valor à vida, à liberdade, às pequenas coisas que o dia-a-dia não nos permitia enxergar até então, nos ensinou que a educação é um pilar para nossa sociedade e que os professores sustentam com braços fortes os desafios que tiverem que enfrentar.
Não foi fácil para nenhum dos envolvidos: governo, docentes, estudantes e famílias. Para o próximo ano, esperamos voltarmos o mais breve possível, de forma segura, para os abraços afetuosos de nossos alunos. Abençoados fomos e somos, por podermos celebrar mais um final de ano com saúde, trabalho, sensação de dever cumprido dentro das possibilidades e a certeza de que 2020 mais nos ensinou do que possamos imaginar.
Que tenhamos todos, força e sabedoria para continuarmos a lutar, ensinar e acreditar em dias melhores!
Fonte: Professora Luciana Mota. Graduada em História, Pedagogia e Educação Física, Especialista em Atendimento Educacional Especializado, Gestão e Orientação Educacional e Psicopedagoga. Professora em Contrato Temporário na SEDF desde 2007. Integrante da Comissão Frente Unida.