Brasília já viu de tudo: messias de terno, salvadores de palanque, gênios da gestão e até profetas do asfalto. Mas agora, surge uma nova categoria política o gestor de Instagram. O nome da vez? Ricardo Cappelli, o homem que acredita que uma boa edição de vídeo pode apagar um passado inteiro de conveniência política.
Cappelli se autoproclama o novo símbolo da transparência pública, mas age como se o espelho da vaidade fosse o espelho da ética. De bastidor apagado, ele virou estrela digital fala pausadamente, gesticula como palestrante motivacional e usa expressões de “líder iluminado”. Só faltou o anel de luz atrás da cabeça.
Entre um “bom dia, Brasília” e outro “vamos juntos reconstruir o futuro”, Cappelli parece realmente acreditar que stories e reels são políticas públicas. E que bastaria um feed bem montado para resolver os problemas do Distrito Federal.
Mas o roteiro é velho. O mesmo Cappelli que outrora aplaudia governos que naufragaram em promessas sociais, agora posa de “gestor independente”. A proximidade histórica com Flávio Dino, que prometeu erradicar a fome no Maranhão e terminou seu governo com o estado no topo da extrema pobreza, não é lembrança conveniente para quem hoje fala de “eficiência”.
Eficiente, de fato, Cappelli é mas em marketing pessoal. Sua campanha de “redenção digital” é digna de manual de influencer político: vídeos motivacionais, frases de efeito sobre transparência, e um toque de humildade calculada, só para dar credibilidade ao personagem. É o PowerPoint da política, com slides sobre moral e legendas sobre “nova gestão”, tudo embalado no estilo “coach de governo”.
O problema é que Brasília já decorou esse enredo. Todo ciclo político traz um “novo gestor”, um “técnico de coração puro”, um “reformador moderno” que promete mudar tudo. O tempo passa, o figurino muda, mas o roteiro segue igual: discursos de moralidade, alianças de conveniência e resultados tímidos.
Cappelli tenta agora se reinventar como o “homem do futuro”, o “gestor que não é político”. Só que Brasília já aprendeu que quando alguém repete muito que “não é político”, é porque está em campanha.
No fim das contas, o ex-secretário não é o vilão nem o herói é apenas mais um personagem bem produzido da velha novela brasiliense, onde o filtro do Instagram é mais forte que a memória do eleitor.
Enquanto o povo enfrenta filas, insegurança e promessas adiadas, Cappelli segue com seu tripé, microfone de lapela e o velho sonho de “salvar Brasília”. Só não avisaram a ele que a capital já não precisa de salvador precisa de gestor de verdade.
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