Por: Demis Viana — “Mundo Secreto”
As tatuagens acompanham a humanidade há milênios. De rituais tribais a símbolos religiosos, passando por marcas de resistência, arte e afirmação de identidade, elas evoluíram com o tempo e ganharam diferentes interpretações culturais e espirituais.
Hoje, na sociedade moderna, o debate ressurge com um novo contorno: qual é o peso simbólico de uma tatuagem? Uma figura considerada negativa, como um demônio, carrega energia ruim por si só? Ou o que realmente importa é a intenção do indivíduo?
A Cultura da Tatuagem e Seu Caminho pelo Tempo
Pesquisadores apontam que os registros mais antigos de tatuagens têm mais de cinco mil anos. Povos indígenas, egípcios, japoneses e até guerreiros vikings utilizavam marcas na pele como:
- Proteção espiritual
 - Identificação tribal
 - Honra e status
 - Simbolismo religioso
 - Conexão com ancestrais
 
Com o tempo, o significado foi mudando, mas permaneceu uma verdade universal: tatuagem é expressão de identidade.
A Polêmica: Simbolismo Oculto e Energia Espiritual
A discussão contemporânea é marcada por interpretações espirituais e religiosas. Em muitas tradições, símbolos demoníacos ou associados ao “lado sombrio” despertam questionamentos morais e místicos.
Contudo, especialistas em psicologia simbólica e antropologia espiritual defendem um ponto importante:
Símbolos são portas. É a energia do portador que decide o que entra ou sai.
Ou seja, a tatuagem não “faz” a pessoa a pessoa dá significado à tatuagem.
Pessoa Boa, Símbolo Forte
Um indivíduo com boas intenções, caráter, bondade e equilíbrio emocional não se torna negativo por portar um símbolo sombrio na pele. Da mesma forma:
- Um coração tatuado não garante amor verdadeiro
 - Uma cruz não garante espiritualidade
 - Uma escrita zen não garante paz interna
 
A tatuagem é expressão, não essência.
Em linguagem espiritual moderna:
A Energia não está no desenho. está na consciência.
A Visão Energética
Místicos e terapeutas holísticos concordam em um ponto:
- Há pessoas que se conectam com símbolos para expressar força
 - Outras para manifestar proteção
 - Algumas para enfrentar seus próprios medos internos
 
Mas no fim, é a vibração da pessoa que determina a energia que ela carrega no mundo.
Uma tatuagem de demônio em uma pessoa com coração puro não a torna má assim como um símbolo de anjo não purifica alguém de intenções ruins.
Tatuagens são narrativas, histórias, símbolos de fases e battles internas. São marcas de autenticidade.
Num mundo onde o espiritual e o psicológico se cruzam, uma verdade se destaca:
Não é o símbolo que define a alma, mas a alma que define o símbolo.
Quebrando a Narrativa do “Pacto de Sangue” na Tatuagem
Por anos, grupos religiosos e portadores de crenças esotéricas rígidas alimentaram a ideia de que tatuagens, especialmente com figuras demoníacas, representariam um pacto espiritual firmado no sangue. O argumento, baseado mais em mitos culturais do que em bases teológicas ou históricas sólidas, sugere que o ato de marcar a pele abriria portais energéticos inevitáveis como se a tinta fosse sinônimo de submissão ao mal.
Contudo, estudiosos da história das religiões, da psicologia simbólica e até líderes espirituais progressistas têm desmistificado essa crença. O sangue derramado em uma tatuagem não é ritual; é biológico. Não é sacrifício; é simplesmente o corpo reagindo ao processo físico da tinta.
Do ponto de vista espiritual contemporâneo, não existe pacto quando não existe intenção, e intenções não podem ser tatuadas elas são vividas, sentidas e carregadas na consciência.
A crença de que uma tatuagem demoníaca sela o destino espiritual de alguém cai diante de um princípio universal observado em todas as tradições filosóficas importantes:
O sagrado e o profano não estão nos símbolos — estão nas ações e no coração humano.
Uma pessoa com uma tatuagem de demônio pode ser solidária, justa e compassiva, enquanto alguém com uma cruz tatuada pode praticar crueldade. O símbolo não define o caráter a conduta define o espírito.
Dessa forma, a lógica espiritual moderna rompe com o medo dogmático e abraça a maturidade de um entendimento mais amplo:
Não é a imagem na pele que cria pacto é a escolha da alma no dia a dia.
O corpo é tela.
O símbolo é linguagem.
A energia é o indivíduo.
E, acima de tudo, tatuagem é liberdade de expressão, identidade e verdade interior.
Fonte: Demis Viana ” Mundo Secreto”.








