O Brasil amanheceu em luto e indignação com o desfecho de uma das histórias mais tristes dos últimos tempos: a morte da jovem Juliana Marins, de 26 anos, em uma tragédia no Monte Rinjani, na Indonésia. A brasileira, que viajava sozinha em um mochilão pelos países do sudeste asiático, caiu de um penhasco de aproximadamente 300 metros durante uma trilha em um dos vulcões mais perigosos do mundo. Ela foi dada como desaparecida no sábado, 20 de junho. Seu corpo só foi encontrado quatro dias depois, em uma fenda profunda na encosta da montanha.
Enquanto o mundo ignorava mais uma vítima silenciosa de um turismo sem regulação adequada, o Brasil se chocava com o silêncio do poder público. Mas um gesto inesperado — e verdadeiramente humano — veio de onde ninguém esperava: do ex-jogador da Seleção Brasileira, Alexandre Pato, que decidiu custear sozinho todo o processo de repatriação do corpo da jovem.
UMA VIAGEM DOS SONHOS QUE TERMINOU EM PESADELO
Juliana deixou o Brasil em fevereiro. Jovem, cheia de vida, leveza e sonhos, ela decidiu conhecer o mundo. Passou por Tailândia, Malásia, Vietnã. Vivia experiências transformadoras, registradas em imagens e textos sensíveis nas redes sociais. Mas a viagem, que era para ser um marco de liberdade e crescimento pessoal, terminou com uma queda fatal no Monte Rinjani, na ilha de Lombok.
A busca foi longa, árdua e marcada por um misto de esperança e desespero. Foram necessários drones, alpinistas e uma estrutura improvisada para acessar o local onde ela havia caído. A neblina densa e o terreno instável atrasaram as buscas. A família, aqui no Brasil, ficou à mercê de informações fragmentadas. E, mesmo após a confirmação do pior, mais um golpe: a realidade fria da burocracia.
ITAMARATY DIZ NÃO
Diante do desespero da família para trazer Juliana de volta para casa, o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, foi direto: não é permitido ao Estado brasileiro arcar com despesas de traslado de corpos de cidadãos falecidos no exterior, mesmo em tragédias extremas como esta.
Segundo o decreto nº 9.175/2017, a responsabilidade recai integralmente sobre os familiares. Custo médio? Mais de R$ 35 mil. Uma dor imensurável se transforma em fardo financeiro para quem já perdeu tudo.
A RESPOSTA QUE VEIO DO CORAÇÃO
Enquanto o Estado virava as costas, Alexandre Pato estendeu a mão.
Discreto, sem buscar holofotes, o jogador entrou em contato com a família por meio da página “Alfinetei”, no Instagram. Em poucas palavras, ele resumiu tudo aquilo que muitos brasileiros queriam dizer, mas não podiam agir:
“Quero pagar esse valor para que todos tenham paz e para que ela possa descansar ao lado da família.”
Ele não pediu manchetes. Não esperou agradecimentos públicos. Apenas fez. E fez com grandeza. Uma atitude que rompe o silêncio da omissão e grita empatia em meio ao barulho do descaso.
A FAMÍLIA AINDA DECIDE, O PAÍS REFLETE
Até o momento, a família de Juliana ainda não se manifestou publicamente sobre aceitar ou não a ajuda. O corpo segue em trâmites com autoridades locais e consulares. Mas o gesto já está feito. E, mais do que o valor financeiro, o que tocou o país foi a postura de um homem que usou seu privilégio não para se exibir, mas para aliviar o sofrimento de quem vive o pior momento de suas vidas.
UMA SOCIEDADE INDIGNADA
Nas redes sociais, a repercussão foi imensa. Brasileiros de todos os cantos agradeceram a atitude de Pato e cobraram mudanças urgentes nas leis que impedem o Estado de amparar seus cidadãos em situações extremas. Petições online já circulam pedindo que o Congresso Nacional reveja o decreto que proíbe o custeio de translados internacionais de corpos por parte do Itamaraty.
E mais: se o Brasil se sensibilizou com Juliana agora, quantos outros brasileiros já não foram esquecidos em tragédias semelhantes, sem um “Pato” para ajudar?
UMA JOVEM, UM NOME, UMA LUTA
Juliana Marins era mais do que uma vítima. Era filha, amiga, sonhadora. Seu nome agora ecoa como símbolo de tudo o que está errado com o abandono silencioso de brasileiros no exterior. Mas também representa um sopro de esperança: o de que ainda há pessoas que usam o que têm para fazer o bem.
E quando esse bem vem de alguém que já brilhou nos campos, agora é fora deles que Alexandre Pato faz o seu gol mais bonito.
Nota da Redação – Portal Olhar Digital: Acompanhamos com atenção o desenrolar desta história. Que o corpo de Juliana volte para casa com a dignidade que ela merece. Que a família encontre conforto. E que esse gesto de solidariedade desperte no país uma reflexão urgente sobre humanidade, responsabilidade e empatia.
Fonte: Blog Olhar Digital.