Dois episódios recentes agitaram a política brasileira: a articulação do governo contra a anistia dos envolvidos no 8 de Janeiro e a exoneração de Eduardo Bueno, o Peninha, do Conselho Editorial do Senado.
O tiro saiu pela culatra: anistia aprovada na Câmara
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reuniu ministros do Centrão em uma operação de guerra para tentar barrar o projeto de anistia aos atos de 8 de Janeiro. A estratégia era clara: cada ministro deveria pressionar deputados de seus partidos e estados para votar contra a proposta, prevista para ir a plenário no dia 17/9.
O esforço, no entanto, teve efeito contrário: o tiro saiu pela culatra. Mesmo com toda a pressão de bastidores, a Câmara dos Deputados aprovou a anistia por larga margem de votos, demonstrando que a base do governo não conseguiu segurar a pauta.
Fontes relatam que o presidente Lula, pessoalmente contrário à proposta, ficou contrariado com o resultado e com a falta de eficácia da articulação política conduzida por Gleisi. O episódio expôs fragilidades na coordenação do governo junto ao Congresso e abriu margem para críticas sobre a real força do Planalto na atual legislatura.
Peninha fora do Conselho Editorial do Senado
Enquanto isso, no Senado, uma crise de outra natureza terminou em exoneração. O escritor e jornalista Eduardo Bueno, o Peninha, foi desligado do Conselho Editorial da Casa após forte repercussão de declarações polêmicas.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Peninha comemorou a morte do ativista conservador norte-americano Charlie Kirk, o que gerou indignação de parlamentares e da sociedade. A fala foi considerada incompatível com a função institucional que exercia, levando à sua imediata saída.
Cenário político
Os dois episódios, embora distintos, mostram como a política em Brasília é marcada por estratégias de risco e declarações inflamadas. De um lado, o governo viu sua articulação para barrar a anistia fracassar de forma retumbante, revelando fissuras em sua base de apoio. De outro, o Senado agiu rapidamente para se distanciar de uma postura considerada extremista de um de seus conselheiros.
No fim, tanto no Executivo quanto no Legislativo, o que se vê é um jogo de narrativas e disputas que reforçam a percepção de que a política brasileira segue em permanente estado de tensão e imprevisibilidade.