A reflexão publicada por Juliana Moreira Leite, jornalista e colunista conhecida nas redes sociais pelo perfil juliemilk, acendeu um debate profundo e urgente sobre a relação entre afeto, sexualidade e a crise emocional que atravessa a sociedade contemporânea. Seu texto, direto, desmonta um dos mitos mais persistentes da modernidade: a ideia infantil de que o corpo pode funcionar desligado da alma como se sentimentos fossem peças descartáveis.
Juliana aponta aquilo que muitos preferem ignorar: o culto ao “desempenho”, ao imediatismo e à busca por gratificações desconectadas de vínculo humano gerou uma geração emocionalmente empobrecida. O esforço de separar afeto de sexualidade, tão comum em discursos que se pretendem modernos, é, segundo ela, não apenas ingênuo, mas também um reflexo claro de um machismo superficial e performático um “machismo de bolso”, como define.
Essa visão reduzida da experiência humana transforma encontros em transações e relações em contratos tácitos de eficiência. A emoção, que dá profundidade e sentido à existência, é tratada como um inconveniente. O resultado é um cenário onde a carne perde até seu “brilho trágico” quando desprovida de afeto, enquanto a presença do sentimento adiciona aquilo que nos torna humanos: risco, profundidade e vulnerabilidade.
A análise de Juliana Leite toca em um ponto nevrálgico da modernidade: a ignorância afetiva como epidemia. Em um mundo hiperconectado, onde opiniões são despejadas em massa, mas sentimentos são reprimidos, falta-nos justamente o que organiza a vida emocional a capacidade de sentir, compreender e expressar afeto.

Essa ignorância afetiva não cria apenas relações superficiais. Ela produz indivíduos desconectados de si mesmos, incapazes de reconhecer suas próprias necessidades emocionais e, portanto, vulneráveis a ciclos de frustração, solidão e ressentimento. A sociedade celebra independência, mas despreza intimidade; valoriza autonomia, mas rejeita entrega; aplaude performance, mas esquece da presença.
Vejam o vídeo na íntegra https://www.instagram.com/reel/DRHdeqckUt4/?igsh=MWdkMWppaHY4ZjFwaA==
O alerta levantado pela jornalista dialoga com fenômenos sociais mais amplos: o crescimento de relacionamentos líquidos, a dificuldade crescente de estabelecer vínculos profundos, e a confusão entre prazer e realização. Em um ambiente que confunde “controle” com maturidade, a afetividade acaba relegada ao segundo plano quando, na verdade, é justamente ela que diferencia o humano da máquina.
Ao expor essas contradições, Juliana Moreira Leite propõe, na prática, um resgate. Um chamado para que homens e mulheres reconheçam que não há força verdadeira sem vulnerabilidade, nem encontro significativo sem afeto. E que, por mais sofisticada que pareça a fachada comportamental do nosso tempo, a alma continua ali esperando ser incluída.
Em meio ao barulho das “opiniões” rápidas e vazias das redes sociais, seu texto funciona como uma pausa necessária. Uma lembrança de que a maior ousadia emocional da modernidade talvez seja simples: sentir.
Fonte: Blog Olhar Digital (Jornalista Eduardo Magregor).







