Água encanada leva cidadania para famílias do Dorothy Stang, em Sobradinho

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Por Catarina Loiola e Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

Abrir a torneira e encontrar água potável agora é realidade nas residências do Assentamento Dorothy Stang, em Sobradinho. O Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), entregou os primeiros hidrômetros com ligação à nova rede de abastecimento neste sábado (9). Em construção desde agosto de 2023, a tubulação terá 9.837 metros e atenderá cerca de 3 mil moradores. Dos 757 lotes existentes na comunidade, 515 já assinaram os pedidos de ligação de água.

O assentamento está localizado no Setor Habitacional Nova Colina, a 30 km do Plano Piloto. O objetivo da Caesb é atender todo o setor de moradias com o fornecimento de água potável. Para isso, está sendo construído um sistema de cerca de 27 mil metros, com aporte na ordem de R$ 11,6 milhões, que beneficiará 17 condomínios e mais de 13 mil pessoas.

Na ocasião, o governador Ibaneis Rocha assinou acordo de cooperação técnica entre a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab) e a Caesb que facilita a entrada dos moradores em programas habitacionais, por meio da troca de informações entre companhias. “O Dorothy Stang era uma grande preocupação nossa. Nós temos um compromisso com a população da região desde 2019. Conseguimos a aprovação da Área de Regularização de Interesse Social (Aris) em 2021, com o projeto de lei que foi encaminhado à Câmara Legislativa, e agora estamos com um avançado processo de regularização na Codhab, para que a gente possa dar tranquilidade àquelas famílias”, afirmou Ibaneis Rocha. “Nós vamos continuar trabalhando para regularizar a área, chegando ao ponto de entregar os documentos para todos eles”, acrescentou o governador.

“É o primeiro comprovante de endereço de muitas famílias, ou seja, cidadania pura”

Luís Antônio Reis, presidente da Caesb

O presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, ressaltou que o fornecimento regular de água contribui com a qualidade de vida e cidadania da população. “É o primeiro comprovante de endereço de muitas famílias, ou seja, cidadania pura. A pessoa vai poder comprar um forninho parcelado, por exemplo, além de não ter que acordar às 4h para buscar água. Ela terá um chuveiro em casa, água para lavar a louça, e ainda vai ter um endereço em uma conta oficial de uma empresa pública”, afirmou. A companhia atende mais de 3 milhões de habitantes, abastecendo 99% dos habitantes do DF.

O Dorothy Stang, portanto, é a primeira área do Setor Habitacional Nova Colina a receber o serviço público. O local é considerado Área de Regularização de Interesse Social (Aris) e está em processo de regularização fundiária desde 2022. A medida permite a implantação de infraestrutura na região.

O administrador regional de Sobradinho, Gutemberg Tosatte, afirmou que a chegada do recurso comprova o compromisso de cuidar da região. “É uma conquista para essa comunidade, que sofre há muitos anos com esse problema, como todo setor Nova Colina. O que podemos fazer sem água, né? É um princípio básico de saneamento”, disse. Segundo ele, o assentamento ganhou oito papa-lixos novos e passa por ações recorrentes de recolhimento de inservíveis e recuperação das vias.

Água limpa direto da torneira

Joselane Ramos de Oliveira comemora: “É mais saúde, água encanada, água limpa” | Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília

A dona de casa Joselane Ramos de Oliveira, 31 anos, é uma das beneficiadas com os novos hidrômetros. Ela revela que a comunidade já enfrentou dias inteiros sem acesso à água e que, em momentos de muita necessidade, juntavam dinheiro para a compra do insumo. “A gente pedia caminhão-pipa, que é muito caro e tinha que dividir entre a comunidade. Às vezes cada morador dava R$ 40 e ainda não era suficiente para todos”, relatou.

Agora, ela e outros moradores celebram a chegada do serviço público na região. Para Joselane, o sentimento de ver água potável saindo pelas torneiras de casa é de felicidade. “A gente vê que o governo e os órgãos públicos estão olhando pela gente, sabem que a gente está aqui, e que não estamos abandonados. É mais saúde, água encanada, água limpa”.

Os dias de Odete Freitas e Gustavo Henrique pegarem água no poço terminaram | Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília

Apesar da pouca idade, o pequeno Gustavo Henrique, 7, participava da rotina de buscar água no poço. A tarefa ficou no passado, pois, agora, sai água limpa e tratada direto da torneira. “Era uma água meio transparente, meio marronzinha, às vezes. Vai ser melhor agora, porque a água não tem sujeira, é muito bom ter água assim, sem passar mal, nem nada. Vamos usar para tudo: comida, beber, lavar roupa, lavar prato… e tomar banho para ir à escola, claro”, comemorou o menino.

O fornecimento regular de água potável surtirá efeitos, ainda, para a saúde dos moradores. É o que acredita a dona de casa Odete Freitas, 51, que já é atendida pelo novo sistema da Caesb. Há oito anos no local, ela relata que diversos vizinhos já adoeceram devido ao consumo de água sem tratamento. “Agora, vamos ter a dignidade que não tínhamos antes”, contou Odete, que está contente com a normalização do serviço público. “Estamos progredindo. Vão vir continhas com o nosso nome e endereço”, celebrou.