CLDF :  homenagem aos jornalistas debate liberdade, credibilidade

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Segundo o coordenador-geral do Sindicato dos Jornalistas do DF, Sílvio Queiroz, desde a redemocratização “nunca a liberdade para o exercício da profissão esteve tão sob ataques quanto nos últimos três anos”

O debate sobre o livre exercício do jornalismo, bem como as ameaças à profissão, marcou a sessão solene da Câmara Legislativa (CLDF) em comemoração ao Dia do Jornalista, realizada na noite desta segunda (5) no Plenário da Casa. Autor da Iniciativa, o deputado Reginaldo Veras (PV) destacou o papel dos jornalistas no combate à desinformação e na consolidação da democracia brasileira. “A liberdade de expressão e o livre exercício do jornalismo é sim um pilar da democracia”, afirmou.

O distrital chamou atenção para a importância do trabalho jornalístico durante a pandemia do Coronavírus: “Unidos a cientistas, num esforço contínuo para esclarecer fatos, buscar a verdade e desmentir narrativas falsas e nocivas à saúde pública, os jornalistas brasileiros reafirmaram seu papel de levar à sociedade verdadeiras, checadas e independentes informações”.

Segundo o coordenador-geral do Sindicato dos Jornalistas do DF, Sílvio Queiroz, desde a redemocratização “nunca a liberdade para o exercício da profissão esteve tão sob ataques quanto nos últimos três anos”. Ele citou levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas que aponta 430 casos de agressões, ataques ou intimidações a estes profissionais em 2021; 428, em 2020; e 208, em 2019. Para Queiroz, a liberdade é condição básica para o exercício do jornalismo. “É a outra ponta de um bem precioso que é a liberdade que a sociedade precisa para se informar de maneira que o cidadão possa formar e expressar sua opinião e participar da vida pública, das decisões do país, de uma maneira consciente e responsável”.

Para o diretor da Associação Brasileira de Imprensa do DF, Hélio Doyle, o jornalismo passa por um “momento difícil” nos aspectos político, econômico e ético. Entre os principais problemas, ele destacou a dependência financeira dos veículos à publicidade governamental e a ameaça à democracia, com a volta de um sistema autoritário com “profundas” restrições à liberdade de imprensa.

“Esse risco não está nas nossas cabeças, está nas palavras, atos e atitudes que o presidente da república toma cotidianamente, assim como todo o seu entorno”, afirmou.

O chefe do Núcleo de Jornalismo e Mídias Interativas da CLDF, Bruno Sodré, ressaltou que a profissão “está sob ataque”, com a informação jornalística sendo desacreditada. As pessoas rejeitam a informação dos veículos tradicionais para, segundo ele, “consumir uma ‘informação’ que seja mais ‘conveniente” às próprias crenças e valores. “Muitas vezes o jornalismo não quer ser simpático apenas para que seu mundo particular faça sentido”, reforçou.

Para ele, como uma ferramenta da democracia, o jornalismo pressupõe mobilização. “A dificuldade agora é fazer com que não só a gente chegue ao cidadão, mas que ele ainda creia no jornalismo como uma fonte de informação”. O trabalho do jornalismo da CLDF, segundo ele, tem a missão de dar transparência e de estimular a participação dos cidadãos nos processos democráticos e nos debates públicos.

O presidente da TV Comunitária de Brasília, Paulo Miranda, criticou o domínio da comunicação no Brasil pelas grandes corporações e conglomerados. “A Constituição prevê a mídia pública, a privada e a estatal, mas os recursos basicamente vão somente para as mídias privadas”, afirmou.

Apesar das dificuldades, segundo ele, há 4 mil emissoras comunitárias, com 120 TVs, sendo uma via satélite. “A gente poderia estar gerando no mercado 150 mil empregos para os comunicadores populares”.

Representando o portal Metrópoles, a repórter e colunista Isadora Teixeira relatou que o trabalho jornalístico é questionado diariamente, embora não pela forma de apuração. “A maioria das pessoas acredita que tem acesso a uma informação com mais credibilidade direto das fontes que acham que são oficiais. Eles [essas ‘fontes’] descredibilizam nosso trabalho cada vez mais”, ressaltou.

Moções de louvor

Reginaldo Veras homenageou suas assessoras de imprensa, Isis Dantas e Anna Cléa Maduro, em nome de todos os jornalistas.


Ele também entregou moções de louvor “pelos relevantes serviços prestados à população do DF” ao portal de notícias Metrópoles; à Rede Globo Brasília; ao Portal R7; à Rede Record de TV; ao jornal Correio Braziliense; ao Jornal de Brasília; à Diretoria de Comunicação da CLDF; à TV Câmara Distrital; à TV Comunitária do DF; à Revista Traços; ao Sindicato dos Jornalistas do DF; à Associação de Veículos de Comunicação Comunitária e Mídias Eletrônicas do DF; e à Associação Brasileira de Imprensa.

Para mais fotos, acesse o Flickr da Agência CLDF.

Mario Espinheira – Agência CLDF