Debate sobre blindagem reacende alerta com avanço do crime organizado no DF

0
2

O debate político em torno da chamada “Lei Derrite” reacendeu, no Distrito Federal, uma preocupação que há anos mobiliza especialistas em segurança pública: o avanço silencioso e progressivo do crime organizado em regiões administrativas do DF.

A posição adotada pelos deputados Rodrigo Rollemberg (PSB), Erika Kokay (PT) e Reginaldo Veras (PDT) durante a votação da proposta tem provocado críticas de setores que defendem maior rigor no combate às facções criminosas. Para analistas, o discurso dos parlamentares tende a atenuar a responsabilidade de criminosos em um momento considerado delicado para a segurança pública do país.

Rejeição à Lei Derrite gera reação

A proposta, relatada pelo secretário de Segurança de São Paulo e deputado federal Guilherme Derrite, inclui mecanismos que endurecem penas, ampliam condições de bloqueio patrimonial de facções e reforçam a atuação integrada entre polícias.

Ao votar contra o texto, os três parlamentares do DF se posicionaram contra medidas consideradas, por especialistas, essenciais para frear a expansão de grupos como PCC e Comando Vermelho, que já disputam territórios dentro do Distrito Federal.

PSB e a ADPF que limita operações policiais

A postura de Rodrigo Rollemberg reacende uma discussão já conhecida no meio policial. Em 2019, o PSB, partido do ex-governador, ingressou com a ADPF 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, pedindo que o Supremo Tribunal Federal limitasse operações em áreas dominadas pelo crime organizado.

Embora o pedido do partido tenha como argumento a proteção da população, agentes de segurança afirmam que decisões desse tipo acabam oferecendo margem para que facções consolidem domínio sobre comunidades.

No Rio de Janeiro, operações recentes que resultaram na neutralização de criminosos fortemente armados receberam expressivo apoio popular um movimento que contrasta com o posicionamento de parte da classe política.

Governo Lula corre para reagir à queda de popularidade

Com a escalada de ataques violentos e a crescente crítica ao aumento da criminalidade em diversas regiões do país, o governo federal acelerou o envio do pacote antifacção ao Congresso.

A relatoria de Derrite fortaleceu a proposta, ampliando dispositivos focados em repressão, monitoramento e descapitalização das organizações criminosas.

Mesmo assim, a resistência dentro da Câmara especialmente entre parlamentares alinhados a discursos de flexibilização penal gera tensão política e provoca debates acalorados nas redes sociais e entre corporações policiais.

Memória recente: o fechamento de delegacias no DF

A discussão atual também resgata um episódio marcante da gestão de Rollemberg como governador do Distrito Federal. À época, o fechamento de delegacias em regiões estratégicas teria contribuído para o vácuo de presença estatal em áreas vulneráveis.

A consequência foi o fortalecimento de grupos como Primeiro Comando da Capital (PCC), Primeiro Comando do Distrito Federal (PCDF/PV) e o temido “Comboio do Cão”, facções que permanecem ativas e influentes especialmente nas cidades do entorno do Plano Piloto.

Para especialistas, o episódio é exemplo emblemático de como medidas administrativas podem impactar diretamente a sensação de segurança da população.

Clima político e cobrança social

A votação da Lei Derrite expôs novamente uma divisão clara entre quem defende endurecimento penal e quem prioriza abordagens que consideram a criminalidade fruto de desigualdades sociais.

Enquanto isso, pesquisas internas de segurança indicam aumento da apreensão da população com casos de homicídios, crimes violentos e a presença estruturada de facções em áreas do DF.

O debate, portanto, ultrapassa a simples análise legislativa: ele se torna um termômetro da capacidade política de responder a um problema que a sociedade brasiliense sente no cotidiano e que, cada vez mais, exige decisões firmes, transparentes e conectadas à realidade nas ruas.