” Foi absoluta falta de bom senso e exagero da companhia aérea, mas não discriminação direta ”, analisa especialista em Defesa do Consumidor

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Para Arthur Rollo, retirada de mulher negra por policiais federais a pedido da Gol foi inapropriada e pode resultar em indenização; advogado lembra que, ao deixar a aeronave, passageira já estava com a mochila acomodada no avião.

“Isso não tem nada a ver com a cor da pele de quem está voando, mas, sim, com falta de espaço físico dentro da aeronave. De toda forma, houve absoluta ausência de bom senso por parte da companhia aérea, além de exageros na condução da situação”. Essa é a opinião do advogado Arthur Rollo, especialista em Defesa do Consumidor, sobre o caso da passageira negra retirada pela Polícia Federal (PF) de um voo da Gol na hora do embarque. A situação foi provocada, segundo a companhia aérea, por “desobediência”.

O fato ocorreu na noite de 6ª feira (28/4), em Salvador-BA. A viagem teve São Paulo-SP como destino.

 

Doutor e mestre em Direito e ex-secretário nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Rollo acredita que o incidente pode resultar em indenização para a passageira, mesmo que o que tenha ocorrido não seja diretamente racismo, mas, sim, desrespeito com a consumidora:

“Pelas imagens que viralizaram nas últimas horas, se nota que os comissários de bordo não souberam conduzir a situação. Foi absoluta inabilidade. Qualquer pessoa que embarque por último, independentemente de sua cor de pele, está sujeita a não encontrar espaço para dispor a bagagem de mão.

Nestes casos, se pede que a mesma seja despachada. A confusão, pelo o que testemunhas afirmam, começou na recusa da passageira em seguir a recomendação. A companhia não soube administrar a ocorrência, uma vez que, na hora em que a mulher é retirada da aeronave, a mochila dela já estava até alocada”.

O especialista lembra que o caso não é isolado. Nos Estados Unidos, tempos atrás, um passageiro da United Airlines passou por situação semelhante, tendo sido retirado mediante uso de violência e à força pelas autoridades policiais locais por determinação do comandante do voo. Em razão de overbooking, o homem não encontrou assento disponível. Ao insistir em viajar, alegando ter compromisso inadiável, houve discordância entre o consumidor e a empresa. Na visão de Rollo, o resultado, na época, foi desastroso, sendo que o mesmo pode ocorrer com a Gol, no Brasil:

“Assim como aconteceu com a passageira da Gol, as imagens do caso da United Airlines viralizaram. Na época, por conta da confusão, as ações da empresa aérea americana despencaram. No Brasil, por conta da repercussão negativa, a Gol, além de poder arcar com um processo por danos morais, pode ter, também, prejuízos com a imagem, uma vez que situações como essas são, em regra, desaprovadas por outros consumidores”.

Fonte: Assessoria de imprensa.