Agente da PF é demitida por vazar informações a traficantes de drogas

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Hélida de Oliveira Vaz, 35 anos, repassaria informações para integrantes de uma organização criminosa especializada no tráfico internacional.

A ex-servidora da Polícia Federal (PF) Hélida de Oliveira Vaz, 35 anos, foi demitida da corporação por vazar informações para uma organização criminosa acusada de tráfico internacional de cocaína. Assinada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Luiz de Almeida Mendonça, a portaria foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), em 29 de setembro. Moradora de Águas Claras, Hélida teria atuado no esquema realizando pesquisas “encomendadas” por criminosos no sistema da PF.

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Desde 2014 no cargo de agente administrativa “classe A”, com remuneração bruta de R$ 4.768,72 por 40 horas semanais, a ex-servidora já havia sido presa em setembro de 2017, no âmbito da Operação Brabo. A mulher ganhou a liberdade após passar pela audiência de custódia no dia seguinte. A decisão foi tomada pela 9ª Vara Criminal de São Paulo.

Natural do DF, Hélida cresceu em Brazlândia. Ela chegou a abandonar os estudos quando engravidou, mas voltou às salas de aula em 2003. Tinha 18 anos quando cursou o 1° ano do ensino médio em uma instituição pública da região administrativa.

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Atualmente, Hélida mora em Águas Claras e tem uma vida badalada na capital federal. De acordo com colegas da Polícia Federal, é vista com frequência em festas de Brasília e costuma viajar bastante a lazer.

No mesmo dia em que a servidora foi solta, a PF conseguiu prender mais um dos cerca de 40 foragidos na Operação Brabo. O alvo detido é uma modelo que mora em São Paulo, identificada apenas como Larissa. Segundo apurou a reportagem, a mulher tinha contato direto com os traficantes que atuavam no Porto de Santos.

Entreposto

O grupo que coordenava o tráfico internacional de cocaína utilizava a cidade de São Paulo como entreposto e o Porto de Santos como principal local de saída da droga. A quadrilha, segundo a PF, foi responsável por traficar mais de seis toneladas de cocaína pura para a Europa durante o período da investigação.

Ainda de acordo com a PF, funcionários do porto facilitavam a entrada da droga que vinha enrolada ao corpo de falsos trabalhadores, mudavam a direção das câmeras de segurança e, até mesmo, liberavam o acesso de veículos ao setor dos contêineres, onde os entorpecentes eram descarregados.

Imagens do circuito interno disponibilizadas pelos investigadores mostram a movimentação de traficantes no local.

A operação mobilizou 820 policiais federais, que cumpriram 190 mandados de busca e apreensão, 120 de prisão preventiva e sete de prisão temporária no Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Todos os documentos foram expedidos pela Justiça Federal de São Paulo.

As investigações tiveram início em agosto de 2016, após cooperação policial internacional entre a PF e o DEA, agência norte-americana de combate ao tráfico de drogas. Na análise de cinco apreensões de cocaína realizadas entre agosto de 2015 e julho de 2016 — três realizadas no Porto de Santos e duas num terminal da Rússia — foi verificado que se tratava de uma mesma quadrilha. As remessas totalizaram 2,1 toneladas do entorpecente.

O inquérito policial aponta que os investigados se articulavam em verdadeiras empresas criminosas. Diferentes grupos organizados e especializados, atuantes no Brasil e na Europa, associavam-se conforme as necessidades que tinham em cada negócio ilícito que pretendiam realizar. A cocaína pura vinha de países produtores, como a Colômbia, para ser estocada em diversos locais na cidade de São Paulo e, depois, enviada à Europa pela via marítima.

Veículos de luxo

A Polícia Federal confiscou mais de 20 motos e carros de luxo na ofensiva. Os automóveis eram de traficantes investigados na Operação Brabo. Entre as apreensões, estão modelos das marcas Porsche, BMW, Mercedes, Audi e Land Rover. Todos foram guardados em um depósito próximo à Polícia Federal de São Paulo.

A Justiça havia ordenado o confisco de mais de 100 veículos e de cerca de 40 imóveis — casas e apartamentos de luxo em São Paulo e na região de Santos.

Brabo

O nome da operação remete a um dos destinos da droga, o Porto de Antuérpia (Bélgica). Brabo seria um soldado romano que teria libertado os habitantes da região do Rio Escalda, onde se localiza a cidade belga, do controle de um gigante. Após a batalha, o guerreiro teria jogado a mão decepada do inimigo no rio.

Fonte: Metropoles.