Brasileiro que vive em Nova York relata nova realidade na pandemia

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Morador de Nova York, brasileiro mostra ruas vazias e fala da nova rotina da cidade
Morador de Nova York, brasileiro mostra ruas vazias e fala da nova rotina da cidade.

Morador de Nova York, brasileiro mostra ruas vazias e fala da nova rotina da cidade

Antes acostumado com o burburinho de onde mora, a Quinta Avenida, uma das ruas mais famosas e movimentadas de Nova York, o arquiteto brasileiro Antonio Isuperio, de 37 anos, agora escuta apenas ambulâncias e bombeiros. “A cidade está muito silenciosa, completamente parada”. Ele viu a rotina mudar drasticamente após a cidade explodir em casos de coronavírus e se tornar uma das mais afetadas dos Estados Unidos, com mais de 13 mil mortes.

Sem trânsito, até as ambulâncias estão mais silenciosas, já que não precisam mais ultrapassar os carros para chegar aos hospitais.

“A quantidade de ambulâncias continua grande , é assustador ainda, só que elas não estão fazendo muito barulho”, conta Antônio.

O goiano de Ipameri disse que assimilou de fato o que estava acontecendo quando as restrições de circulação o impediram de ir ao trabalho. “Quando você começa a ter um raio, um perímetro, para poder sair da sua casa, fazer atividade física, fazer suas compras, e só pode sair de forma justificada, foi quando a ficha caiu”.

Desde então, no fim de março, Antônio, que costumava se exercitar no Central Park onde foi montado hospital de campanha e aproveitar a vida ao ar livre na cidade, viu a cidade se transformar. “Ver Nova York desse jeito, que é uma cidade que funciona 24h, onde a expressão artística é muito tangível, tudo é muito rápido, a diversidade é muito expressiva, ver ela desse jeito, tímida, silenciosa, quase que monocromática, é uma experiência única”.

Hospital de campanha montado no Central Park, em Nova York — Foto: Antônio Isuperio/Arquivo pessoal
Hospital de campanha montado no Central Park, em Nova York — Foto: Antônio Isuperio/Arquivo pessoal.

Hospital de campanha montado no Central Park, em Nova York — Foto: Antônio Isuperio/Arquivo pessoal

Outro barulho que o brasileiro ainda escuta é o das palmas nas janelas. “Todos os dias, sete horas da noite, Nova York inteira faz uma saudação, batendo palmas nas janelas para todos os profissionais que estão na linha de frente”.

Agora, o arquiteto, que divide apartamento com um amigo, sai apenas para comprar comida, sempre de máscara. “Estou cumprindo direitinho a quarentena, só estou saindo para ir ao supermercado. Nem para o parque fui e não pego transporte público”.

Ambulâncias estacionadas em Nova York, com arranha-céus de Manhattan ao fundo, em foto de sexta-feira (24) — Foto: Andrew Kelly/Reuters
Ambulâncias estacionadas em Nova York, com arranha-céus de Manhattan ao fundo, em foto de sexta-feira (24) — Foto: Andrew Kelly/Reuters.

Ambulâncias estacionadas em Nova York, com arranha-céus de Manhattan ao fundo, em foto de sexta-feira (24) — Foto: Andrew Kelly/Reuters

Coronavírus nos Estados Unidos

Depois da China e da Europa, os Estados Unidos se tornaram o epicentro do coronavírus no mundo, o local mais afetado. No país, que tem mais de um milhão de infectados, mais de 65 mil pessoas morreram pela Covid-19.

A situação é mais crítica justamente em Nova York. Todos os estados norte-americanos registram mortes pelo novo coronavírus. Embora a curva de contágios tenha diminuído o ritmo em alguns estados — inclusive em Nova York, onde o governador declarou que o “pior já passou” — as medidas de restrição continuam nos próximos dias.