GDF vai cortar ponto de professor que aderir à paralisação do dia 3/11. Professores da rede pública de ensino já seguem 100% vacinados contra a covid-19 desde Julho deste ano

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O Sindicato dos Professores no DF convoca educadores a não trabalharem nesta quarta-feira, em protesto à retomada das aulas 100% presenciais.

O professor da rede pública do Distrito Federal que aderir à paralisação organizada pelo sindicato da categoria, nesta quarta-feira (3/11), terá o ponto referente ao dia cortado.

A informação foi antecipada à coluna Grande Angular pela Secretaria de Educação do Distrito Federal, na tarde desta segunda-feira (1º/11).

A campanha de vacinação contra Covid-19 para professores da rede pública de ensino do Distrito Federal foi concluída em (11) de Julho com 100% do efetivo vacinado. Segundo a Secretaria de Educação, No período a  vacinação dos servidores começou em 18 de maio com a aplicação da vacina da Janssen, de dose única.

Mas, ainda assim o Sindicato dos Professores no DF (Sinpro-DF) orienta pais e responsáveis a não levarem os alunos para as unidades de ensino na quarta. Segundo a entidade, “não haverá aula”.

Porém, a Secretaria de Educação contesta e diz que será, sim, dia letivo.

“A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, acompanhará a retomada das aulas 100% presenciais no Jardim de Infância 04, do Gama, na manhã da quarta-feira, 3 de novembro.

Na ocasião, ela estará disponível para falar com a imprensa”, informou a pasta.

Na semana passada, as secretarias de Educação e de Saúde anunciaram as ações preventivas para a normalização das aulas de 460 mil estudantes, a partir do dia 3 de novembro. Entre as medidas, constam o acompanhamento, em tempo real, de casos de Covid-19 e a limitação no fluxo de pessoas com acesso às escolas.

Protocolos

A secretária Hélvia Paranaguá detalhou, na semana passada, que as escolas vão passar por limpeza entre os turnos. Transportes escolares serão permitidos com a capacidade máxima de cada veículo, e todos os ocupantes têm de usar máscaras protetoras. As janelas deverão estar, obrigatoriamente, abertas. Não haverá aferição de temperatura nos deslocamentos.

Visita de pais ou responsáveis pelos alunos às unidades de educação, para conversar com o conselho de classe ou reunião para entrega de boletins, precisará ser agendada, a fim de evitar aglomerações no ambiente escolar.

O distanciamento dentro de sala será de 1,2 metro entre os alunos.

Se liga na informação:

É perfeitamente possível promover as aulas presenciais, desde que haja medidas e protocolos para um retorno seguro. Além dos impactos negativos da privação prolongada das aulas, como prejuízos à saúde mental dos estudantes e as dificuldades em garantir o aprendizado, há diversas evidências científicas de que crianças e adolescentes se infectam menos, não transmitam a Covid-19 da mesma forma que os adultos e que as complicações pela doença nessa faixa etária sejam raras.
Aula presencial é segura? A ciência responde.
No início da pandemia, o fechamento das escolas tinha fundamento, pois ainda não se sabia como a Covid-19 se manifestava entre as crianças. Com o tempo, foi percebido que o papel de crianças e adolescentes na cadeia de infecção e transmissão do Sars-CoV-2 era diferente em relação aos adultos.

Pesquisadores da Direção de Saúde da Islândia e da deCODE genetics, empresa de genoma humano de Reykjavik, concluíram que menores de 15 anos tinham cerca de metade da probabilidade dos adultos de serem contaminados e apenas metade da probabilidade dos adultos de transmitirem o novo coronavírus a outras pessoas.

Além desta pesquisa, resultados publicados na revista científica Science mostram que menores de 12 anos estavam menos propensos a contrair a doença do que adultos, após serem expostos ao novo coronavírus, segundo Kaiyuan Sun, coautor do estudo e pesquisador do Centro Internacional Fogarty dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.

O estudo também verificou que o risco de transmissão dentro de residências, especialmente durante o confinamento, era muito maior do que entre contatos mais casuais, como aqueles das escolas. Outra hipótese acredita que as crianças possuam menos receptores de ECA2, um alvo do novo coronavírus, em suas vias aéreas superiores.

Até o final do ano passado no Brasil, entre 0,6% e 0,7% do total de óbitos por Covid-19 foram de menores de 20 anos, de acordo com o Departamento de Infectologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). Ou seja, menos de 1% em um grupo que representa mais de 25% da população. Essa constatação é crucial na questão sobre o retorno seguro das aulas. Hoje, mesmo nos países onde existe lockdown, as escolas permanecem abertas.

5 aspectos que mais afetaram os estudantes.

– Uso constante de telas

A tecnologia, como ferramenta fundamental para o estudo, desencadeou em muitos um quadro de instabilidade, com exaustão, irritação e ineficiência, principalmente em crianças. No final de 2020, a maioria dos alunos nem queria mais ver telas pela frente e já havia perdido o interesse pelos estudos. Muitos começaram a ter dificuldade de concentração e compreensão, prejudicando o aprendizado.

– Falta dos amigos e da rotina escolar

A fase escolar é fundamental não apenas no quesito educação, mas envolve também a formação da personalidade, de amizades que podem durar uma vida, além de uma rotina agitada por momentos inestimáveis. A brusca interrupção desta rotina escolar, e por tanto tempo, trouxe tristeza, desânimo e saudade, até mesmo das broncas dos professores. A escola é uma das fases mais importantes na vida de qualquer criança e adolescente, e a privação destas experiências traz diversos prejuízos sociais e psicológicos.

– Transtornos de ansiedade

Houve um aumento de cerca de 40% nos quadros de ansiedade, tanto nos pequenos como nos mais velhos. Identificamos muitos alunos que nunca tiveram nenhum tipo de transtorno e passaram a apresentar quadros ansiosos ou até depressivos. Quem já era acometido por algum transtorno, teve uma piora significativa.

– Evasão escolar

Segundo pesquisa Datafolha, 4 milhões de estudantes brasileiros, com idades entre 6 e 34 anos, abandonaram os estudos no ano passado. Com isso, a taxa de evasão escolar chegou a 8,4% em 2020. A questão foi percebida principalmente em classes de baixa renda. Crianças e adolescentes ficavam na rua, expostos à violência e à criminalidade.

Outra situação preocupante é a falta da merenda escolar, já que muitos não têm essa alimentação em casa e dependem da comida na escola. De fato, a evasão escolar é uma urgência, assim como outros pontos citados. Daí a importância destes alunos retomarem o seu direito de frequentar a escola.

Danielle Admoni, psiquiatra, especializada em Infância e Adolescência (Foto: Divulgação)
* Danielle Herszenhorn Admoni – Graduada em Medicina.

Fonte: Metrópoles / Blog Olhar Digital  / Vida em Ação.