EUA oferecem recompensa milionária por informações sobre redes financeiras do Hezbollah na Tríplice Fronteira

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O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira, 19 de maio, uma recompensa de até US$ 10 milhões (aproximadamente R$ 60 milhões) para quem fornecer informações que levem à identificação e desarticulação das redes de financiamento do grupo Hezbollah na região da Tríplice Fronteira  área onde se encontram Brasil, Argentina e Paraguai.

A medida é parte do programa “Rewards for Justice”, coordenado pelo Departamento de Estado norte-americano. De acordo com a Embaixada dos EUA no Brasil, o objetivo é interromper as fontes de recursos que abastecem a atuação da organização libanesa, classificada como terrorista por Washington. A recompensa será paga a quem apresentar informações concretas sobre doadores, empresas de fachada, esquemas ilegais e instituições financeiras envolvidas.

Tríplice Fronteira no radar da inteligência internacional

A região que conecta Foz do Iguaçu (Brasil), Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina) há anos é apontada por agências internacionais como ponto estratégico para grupos extremistas. Segundo os EUA, articuladores do Hezbollah operam uma série de atividades ilícitas na área para financiar suas operações no Oriente Médio.

Entre os crimes mapeados estão: tráfico de drogas, contrabando de carvão, petróleo e cigarros, comércio ilegal de diamantes e artigos de luxo, além de falsificação de documentos, moeda estrangeira e lavagem de dinheiro em larga escala. As autoridades também indicam que empresas aparentemente legítimas nos setores de construção civil, importação/exportação e mercado imobiliário estão entre os canais usados para movimentar fundos.

Uma organização com raízes profundas e ramificações globais

O Hezbollah, ou “Partido de Deus”, surgiu no início da década de 1980, em meio à ocupação israelense do sul do Líbano e ao fortalecimento do xiismo após a Revolução Islâmica do Irã. O grupo combina uma ala militar ativa com uma presença política significativa no Líbano, e tem no Irã seu maior aliado e financiador.

O Departamento de Estado americano afirma que o Irã fornece ao Hezbollah treinamento, armas, explosivos, ajuda monetária e apoio político, fortalecendo sua capacidade de operar globalmente. Segundo os EUA, o grupo também lucra com fraudes bancárias, tráfico de narcóticos e falsificações de documentos, entre outras práticas criminosas.

Alerta para o Brasil e países vizinhos

A ação do governo americano lança um alerta para as autoridades brasileiras e sul-americanas. O envolvimento do Hezbollah com redes criminosas locais amplia os riscos de segurança para a região e coloca pressão sobre os governos da Tríplice Fronteira para colaborarem com os esforços internacionais de combate ao terrorismo.

Especialistas em segurança apontam que o Brasil, com suas fronteiras extensas e fiscalização deficiente em áreas remotas, pode ser usado como rota ou base logística para operações financeiras de grupos extremistas. A colaboração com agências de inteligência internacionais e o fortalecimento das investigações locais são apontados como medidas urgentes.

Colaboração pode ser chave para enfraquecer o grupo

Desde sua criação, o programa “Rewards for Justice” já distribuiu mais de US$ 250 milhões a mais de 125 pessoas cujas informações ajudaram a neutralizar ameaças à segurança nacional dos EUA. Com essa nova recompensa, o governo americano espera contar com a colaboração de civis, empresários e operadores do sistema financeiro para desmantelar a rede de financiamento do Hezbollah na América do Sul.

A recompensa milionária evidencia a importância estratégica da Tríplice Fronteira no cenário da segurança internacional e o papel crescente do Brasil neste tabuleiro geopolítico.