Empresas devem limitar ocupação de ônibus a 50% da capacidade

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A força-tarefa do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que acompanha as medidas de combate à pandemia de Covid-19 recomendou à Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) que limite a ocupação dos veículos do transporte coletivo a até 50% da lotação máxima. As empresas devem remanejar veículos entre as linhas ou realizar outras medidas que garantam a prestação dos serviços aos usuários durante o período de pandemia de Covid-19.

O MPDFT quer que a Semob realize ações de fiscalização constantes para verificar o cumprimento da Lei Distrital nº 6.577/2020, que determina a obrigatoriedade da higienização dos ônibus durante a pandemia. Também requisita, no prazo de três dias, informações sobre as providências que serão adotadas para o cumprimento da recomendação.

A Semob deverá enviar à força-tarefa a relação das ações de fiscalização contendo a data e o local de cada diligência. O MPDFT quer ainda que a secretaria encaminhe relatório contendo os registros dos validadores do período entre 1º e 15 de junho, divididos por horário, das dez linhas de maior movimentação de cada região epidemiológica do Distrito Federal.

Como anda meu ônibus

Como anda meu ônibus 1A recomendação tem por base os dados coletados na fase mais recente do projeto “Como anda meu ônibus”, uma iniciativa do Instituto de Fiscalização e Controle (IFC) em parceria com o MPDFT. Desde o início da aplicação dos questionários, em agosto do ano passado, os itens com pior avaliação são a lotação e a ventilação dos veículos. Por isso, os pesquisadores quiseram saber como estão sendo efetivadas as medidas de prevenção ao novo coronavírus no transporte coletivo rodoviário.

Os dados obtidos entre 1º e 18 de junho são preocupantes: 81% dos passageiros responderam que não é possível manter distância entre os usuários durante as viagens. Cerca de 73% afirmam que não há controle no embarque para verificar o uso de máscara ou o número de passageiros.

A quase totalidade dos rodoviários que responderam o questionário (95,45%) afirma que não foram testados para a Covid-19. Cerca de 80% não foram orientados a sugerir aos passageiros o uso do bilhete eletrônico, que diminui o contato físico entre passageiros e cobradores. Mais de 20% disseram que os veículos são desinfetados apenas uma vez ao dia ou nem chegam a ser limpos.

A população do Distrito Federal, segundo o último censo, é de 2.570.160 pessoas (IBGE, 2010). Para este número de pessoas, uma amostra estatística com grau de confiança de 90% e margem de erro de 5% é de 273 pessoas. O “Como anda meu ônibus” coletou, nesta fase, 309 respostas válidas dos usuários. Esse número garante que os resultados são estatisticamente relevantes para avaliar as condições de operação do sistema. A pesquisa também registra a opinião por meio de depoimentos abertos. Nesta última fase, 110 usuários e 10 motoristas relataram suas impressões.

Clique aqui aqui para ter acesso às informações obtidas a partir dos questionários.

Confira alguns depoimentos

Como anda meu ônibus 2Usuário morador da Estrutural: “Super lotado o ônibus, não tem como fazer o distanciamento e o pessoal insiste em deixar as janelas fechadas.”

Usuário morador de Taguatinga: “Há poucos ônibus em circulação mesmo em horário de pico, isso dificulta o distanciamento recomendado. Devia haver álcool em gel logo na entrada. Aumentar a frota.”

Usuário morador de Samambaia: “Além dos ônibus não estarem devidamente higienizados, a população ignora medidas de proteção pessoais. Muitos ignoram o distanciamento mínimo necessário e outros lembram de colocar as máscaras (que cobrem somente os queixos), somente na entrada do veículo.”

Usuário morador do Guará: “Bom Dia! Uso o transporte público todos os dias para o meu trabalho, sou profissional de saúde e muito me assusta a sujidade e a lotação de pessoas no ônibus. Uso a linha, uma sujidade visivelmente e nada estão fazendo para solucionar. Uma vergonha.”

Rodoviário, Expresso São José: “Preocupante.”

Rodoviário, Viação Pioneira: “Muita tensão pois tenho que cuidar do meu pai e sogros idosos, o risco de ser contaminado é alto e não há proteção de acrílico pra nós motoristas.”

Rodoviário, Urbi Mobilidade Urbana: “A empresa é negligente referente a higienização dos veículos. Do inicio da pandemia até hoje (05/06) o ônibus só foi higienizado uma vez. Retiraram de forma irresponsável um ônibus convencional de linhas com altíssima demanda para colocar micro-ônibus justamente com a volta do comércio e aumento da demanda de passageiros. O ônibus anda super lotado com pessoas em pé e encostadas uma na outra. Essa troca de veículo é apenas visando economia de combustível, nada alem. Vai morrer muito rodoviário ainda. O sindicato está ausente e não da suporte aos trabalhadores.”

Fonte: MPDF.